Grife francesa Rabanne lança campanha controversa exaltando funk carioca e favelas. Especialistas debatem apropriação cultural vs. representatividade na moda de luxo.
A casa de moda Rabanne, fundada pelo estilista espanhol Paco Rabanne, está no centro de intensos debates após o lançamento de sua campanha “Sunset to Sunrise” para a coleção High Summer 2025. Por sua vez, a estratégia publicitária que exalta o funk carioca e as comunidades do Rio de Janeiro tem gerado reações mistas entre especialistas e internautas.
Campanha Polêmica Mistura Luxo e Periferia
Além disso, o vídeo promocional apresenta moradores de comunidades cariocas dançando ao som de hits como “Popotão Grandão”, de MC Neguinho. Consequentemente, a escolha da Rocinha como cenário principal despertou questionamentos sobre apropriação cultural versus representatividade.
Ademais, a campanha acumula milhões de visualizações, porém também coleciona críticas sobre a ausência de diversidade na ficha técnica. Dessa forma, surge o debate: quem lucra com a estética da favela?
Especialistas Dividem Opiniões Sobre Representação
Rodrigo França, diretor e especialista em cultura negra, explica que “o problema não é quando um indivíduo utiliza um símbolo de outra cultura, mas quando a indústria se apropria”. Em contrapartida, ele destaca a importância da justiça na cadeia criativa e financeira.
Por outro lado, Maria Claudia Pompeo, especialista em moda há mais de 20 anos, reconhece o “soft power” do Rio. Entretanto, ela questiona a responsabilidade social de marcas de luxo ao retratar comunidades sem oferecer retorno substancial.
Rabanne e Sua História com Diversidade
Historicamente, a Rabanne, fundada pelo espanhol Paco Rabanne, possui um legado de valorização da cultura negra. Nos anos 1960, o estilista radicado na França foi pioneiro ao incluir modelos negras nas passarelas parisienses. Além disso, criou a gravadora Paco Rabanne Design, dedicada ao funk e soul.
Similarmente, o estilista fundou o clube Black Sugar em Paris, espaço voltado para música afro-caribenha. Portanto, a atual campanha busca revisitar esse legado sob uma ótica contemporânea.

Criadores Locais Ganham Protagonismo
A direção fotográfica ficou a cargo de Melissa de Oliveira, artista visual nascida no Morro do Dendê. Assim sendo, sua vivência autêntica contribui para traduzir os códigos da vida urbana carioca.
Complementarmente, Bruno Machado colaborou capturando as praias e o verão brasileiro. Dessa maneira, a equipe criativa incluiu profissionais que conhecem intimamente a realidade retratada.
Peças Refletem Estética das Favelas
As criações de Julien Dossena incorporam técnicas como crochê e texturas diversas. Principalmente, as peças incluem:
- Vestidos e saias com estampas multicoloridas
- Bolsas produzidas com lantejoulas e discos dourados
- Acessórios inspirados no litoral carioca
- Elementos que remetem às noites de baile funk
Debate Sobre Gentrificação Estética
Críticos como Wes Xavier classificam a estratégia como “gentrificação estética exemplar”. Simultaneamente, Carol Berto questiona: “Se essa coleção fosse feita por criadores da Rocinha, ela seria celebrada ou ignorada?”
Portanto, o debate central gira em torno de quem tem o direito de celebrar e lucrar com a cultura periférica. Consequentemente, a discussão expõe tensões entre admiração cultural e exploração comercial.
Impacto nas Redes Sociais
A campanha viralizou rapidamente, gerando milhões de visualizações. Contudo, os comentários revelam posicionamentos polarizados sobre representatividade na moda de luxo.
Finalmente, o caso Rabanne ilustra os desafios contemporâneos da indústria da moda ao navegar entre inspiração cultural e responsabilidade social. Portanto, o debate promete continuar influenciando futuras estratégias de marketing no setor.
